Você
já ouviu falar que o mundo é o reflexo de nossos pensamentos? Essa
frase nos dá a dimensão da importância deles, que surgem em um fluxo
constante. A cada dia, somos bombardeados por milhões de pensamentos,
que se sucedem inexoravelmente.
Somos
compostos de três partes: o corpo físico, a mente e a alma. O corpo
físico é o mais fácil de ser explicado e entendido: é a parte sólida que
ocupa tempo e espaço e está sujeito às leis da degradação. Sobre a
alma, discorri mais longamente naquela ocasião. Hoje, vamos abordar o
funcionamento da mente, que gera nossos pensamentos. Grande parte deles
flui, automaticamente, em direção àquilo que julgamos ser capaz de nos
fazer felizes - ainda que essa felicidade seja ilusória, pois depende do
mundo lá fora e de toda a sua impermanência.
Nossa
mente produz, sem parar, impulsos diante das coisas de que gostamos e
não gostamos. Assim, vamos criando um leque de desejos e padrões de
comportamento. E acabamos desenvolvendo apego a tudo o que associamos à
nossa felicidade, o que pode ser uma fonte infindável de sofrimento.
Se
achamos que algo nos traz satisfação e alegrias, não vamos querer abrir
mão disso de jeito nenhum. É até natural. Veja como funciona: desejamos
ardentemente determinado carro, compramos e ficamos superfelizes na
hora. Mas, por algum motivo, precisamos vender depois o tal carro - e,
imediatamente, nos tornamos infelizes. Isso antes mesmo de passarmos o
automóvel adiante. Sofremos com a simples ideia de perder o objeto que
tempos atrás gerou nossa felicidade!
Mas
será que precisamos mesmo daquele carro ou de algo assim para nos
sentirmos felizes? Se nessas horas não usamos nosso intelecto, que
discrimina e analisa, deixamos as emoções nos dominarem. Percebeu?
Quando desejamos o que quer que seja - riqueza, beleza, fama, poder - a
qualquer custo, sem a ponderação e o discernimento necessários, nos
tornamos escravas da nossa ambição. É como se o diabo estivesse lá nos
fazendo cair em tentação permanentemente. E é aí que entra o desapego.
Podemos,
sim, ter tudo o que queremos, mas vivemos melhor se estamos sempre
prontas para desistir de bens materiais, perder, desapegar. Devemos
desenvolver nosso intelecto para sermos capazes de questionar e analisar
o poder de cada coisa a todo instante. Sei que não é fácil. É uma
batalha constante para nos mantermos vigilantes. Aprofundar esse
espírito do desapego requer prática - e prática diária, como se
estivéssemos aprendendo um esporte.
Um
começo é transcender o ego individualista e penetrar na cons-ciência
coletiva, expandindo para além do umbigo. A partir de agora, antes de
qualquer ação, faça a pergunta: "Isso é bom só para mim ou para todos os
envolvidos?" Vá aos poucos eliminando o conceito EU-MEU e adotando a
ideia de NÓS-NOSSO. Pode ser um ótimo primeiro passo. A proposta é ser,
ao mesmo tempo, observador e objeto observado. Com essa atitude, sua
mente iniciará um treino e logo você estará olhando para as próprias
ações sob uma perspectiva mais analítica. Tenha paciência. É preciso
tempo para dominar qualquer prática. Mais ainda para aquilo virar
hábito. Porém, nada melhor do que um novo ano para colocarmos metas e
objetivos em nossa vida... Então, agora é a hora!
Fonte: Claudia