Viver
por mais tempo, com qualidade, saúde e vitalidade é um dos maiores
anseios das pessoas. Para isto, é imprescindível mudar alguns fatores
que influenciam diretamente na longevidade, é preciso desenvolver uma
reciclagem de estilo de vida. Hábitos saudáveis vivenciados durante o
dia-a-dia geram benefícios a curto, médio e longo prazo. Veja a seguir
algumas atitudes para garantir longevidade e poder desfrutar muitos anos
cheios de energia, produtivos e felizes
Aproxime-se dos amigos
Sair
com pessoas queridas pode ajudar a manter a cabeça funcionando e o
corpo jovem, afirma uma pesquisa da Universidade da Califórnia, nos
Estados Unidos, que acompanhou 1,6 mil pessoas por quatro anos. A
descoberta mais surpreendente do estudo é que a solidão não afeta apenas
quem vive só. Dos 43% que afirmaram se sentir isolados, apenas 18%
moravam sozinhos. Os cientistas enfatizam que esse sentimento é maléfico
e leva ao abandono de atividades corriqueiras. Com o tempo, o corpo e o
cérebro acabam sedentários, o que aumenta o risco de morte prematura.
As redes sociais ajudam a fazer boas conexões em alguns casos. “Dão a
pessoas mais tímidas ou com dificuldade de locomoção a chance de
interação”, defende o geriatra João Toniolo Neto. Mas não substituem por
completo encontros reais.
Treine seu cérebro
Atividades
mentais, como ler, escrever, jogar xadrez e dama, preservam a
integridade das estruturas do cérebro, diz um estudo americano do Centro
Médico da Universidade Rush e do Instituto de Tecnologia de Illinois.
Já era sabido que atividades cognitivas ajudam a manter a saúde mental. O
que a nova pesquisa mostra é que elas atuam de forma poderosa na massa
cerebral – o que inclui as fibras nervosas, responsáveis por transportar
as informações pelo cérebro. Esses treinos mentais, assim como aprender
coisas novas, estimulam a regeneração celular e mantêm a rapidez nas
sinapses. “Antes, a aposentadoria era muito próxima do final da vida.
Hoje, não: nós ainda vivemos mais várias décadas depois de parar de
trabalhar. Por isso, é essencial garantir o exercício mental nessa fase
”, afirma João Toniolo Neto. O médico Alexandre Kalache salienta: “Os
hábitos ao longo dos anos respondem por 75% da qualidade do envelhecer”.
Cuide da pele
O
viço do rosto e a beleza da pele podem ser tão importantes quanto a
saúde do organismo para viver mais e melhor. “Segundo a Organização
Mundial da Saúde, uma pessoa saudável deve estar bem fisicamente,
psicologicamente e socialmente. Ou seja, há uma relação direta com o
fato de se sentir satisfeita com a aparência”, explica a dermatologista
Denise Steiner, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Não
por acaso, a indústria cosmética tem investido fortemente em pesquisa e
não para de lançar cremes tecnológicos, enquanto a medicina estética
oferece cada vez mais tratamentos high-tech pouco invasivos para atacar
os mais diversos problemas que maculam a beleza, a f lacidez da face.
Uma novidade, nesse caso, é um aparelho de ultrassom focado, que penetra
nas camadas mais profundas da pele, promovendo contração intensa e
reposicionamento muscular. Segundo a médica, o calor atravessa a pele e
estimula o colágeno, proteína que une e fortalece os tecidos. Com uma
única sessão, realizada com o paciente sob anestesia tópica, o resultado
dura até um ano.
Valorize seu sono
Todo
mundo sabe que dormir é importante. Mas um estudo recente, realizado no
Brigham and Women’s Hospital, em Boston, nos Estados Unidos, se dedicou
a tentar estabelecer uma quantidade ideal de tempo na cama. Para a
autora Elizabeth Devore, sete horas de sono são suficientes para
descansar o corpo e a mente. Mais do que isso – passar de nove ou não
chegar a pelo menos cinco horas por noite – contribui para o
envelhecimento do cérebro e pode levar à perda da memória. A
pesquisadora também alerta que são maléficas as variações extremas do
número de horas de sono de uma noite para outra. Ela analisou os
resultados do Estudo de Saúde das Enfermeiras, que acompanhou 15 mil
mulheres por cinco anos. Já outra pesquisa, feita em agosto passado, da
Universidade da Califórnia, também destaca a qualidade do sono como um
fator relevante na manutenção da saúde cerebral. Os cientistas
concluíram que pessoas com distúrbios respiratórios ou apneia tinham o
risco dobrado de desenvolver transtornos cognitivos e demência quando
comparadas àquelas que não apresentavam essas condições perturbadoras do
ato de dormir.
Acerte nos lanchinhos
A
comida é o parceiro número 1 da vida saudável. Fique de olho nos
alimentos considerados positivos porque contêm altas doses de
antioxidantes – substâncias que recuperam células danificadas e retardam
o envelhecimento –, como frutas vermelhas, cítricas e chá-verde. Mas
sempre surge uma pesquisa nova. Uma recente revela que a pipoca
apresenta mais antioxidantes do que frutas e vegetais. A explicação dos
pesquisadores da Universidade de Scranton, nos Estados Unidos: ela
contém apenas 4% de água, o que aumenta a concentração do que interessa.
Mas calma: pipocas industrializadas ou com manteiga não contam, e a
quantidade de sal, que pode comprometer a pressão arterial, deve ser
observada.
Reduza as calorias
Ingerir
até 25% menos do que o número recomendado de calorias para a manutenção
do peso retarda o envelhecimento. Foi o que provou um estudo
patrocinado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. Os
adultos avaliados, todos com peso normal ou só ligeiramente acima do
ideal, apresentaram menos resistência à insulina, menos alterações do
colesterol e menos danos no DNA causados por oxidação. Eric Ravussin, um
dos autores da pesquisa, acredita que a restrição calórica provoca uma
adaptação metabólica que traz benefícios além da perda de peso. Se vai
comer menos, observar a qualidade dos alimentos é básico. “Aconselho a
evitar a ‘dieta branca’: macarrão, pão, açúcar e cachaça”, diz o médico
Alexandre Kalache. Em tempo: o número de calorias para uma mulher de 60
quilos manter o peso é 2 mil.
Respire e relaxe
Um
estudo realizado no americano Brigham and Women’s Hospital revelou que
mulheres que sofrem de ansiedade apresentam telômeros menores. Lembra da
explicação do primeiro item? Eles protegem os cromossomos e, quando
reduzidos, indicam risco maior de doenças graves e mortalidade. Os
cientistas envolvidos na pesquisa concluíram que a ansiedade pode
estimular o envelhecimento. Segundo outro estudo, da Universidade
Harvard, minissessões de relaxamento reduzem o stress. Sente-se no chão
com as pernas cruzadas e as mãos na barriga. Inspire contando até três e
expire indo de novo até três. Repita algumas vezes. Isso ajudará a
baixar a frequência cardíaca e a acalmar todo o organismo.
Tenha objetivos
Estabelecer
metas na vida é essencial para crescer pessoal ou profissionalmente.
Segundo um estudo recente, feito na Universidade Rush, em Chicago, nos
Estados Unidos, perseguir objetivos também pode ser benéfico à saúde,
pois protege o indivíduo contra o mal de Alzheimer. Após estudar o
comportamento de 246 pessoas por dez anos, os pesquisadores concluíram
que aquelas que se envolviam em atividades com significado e propósito
se sentiam incentivadas e demonstravam melhor capacidade cognitiva do
que as outras. “Para envelhecer bem, é fundamental estar inserido na
sociedade. E isso só acontece quando você se mantém ativo e com
projetos, sejam eles profissionais ou pessoais”, garante o médico
Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade, no
Rio de Janeiro.
Aumente os passos
Para
suprir a necessidade de atividade aeróbica, andar pode ser o
suficiente. Dar 6 mil passos por dia reduz muito o risco de diabetes e
de síndrome metabólica – que é precursora de diabetes e uma ameaça à
saúde cardiovascular – em mulheres de meia-idade. Essa foi a conclusão
de um estudo realizado graças a uma parceria entre a Universidade
Federal do Rio Grande do Sul e a Universidade de Passo Fundo, publicado
na Menopause, revista da Sociedade Norte-Americana de Menopausa. “O
resultado indica que pequenas mudanças no comportamento, como trocar o
canal da TV sem usar controle remoto e utilizar as escadas em vez do
elevador, podem mesmo fazer a diferença na prevenção de doenças”, afirma
a endocrinologista Poli Mara Spritzer, coordenadora-geral da pesquisa.
Levante do sofá
O
sedentarismo é tão devastador quanto o tabagismo e a obesidade, de
acordo com um estudo publicado no periódico inglês The Lancet. A boa
notícia é que você não precisa ser atleta para obter os benefícios da
malhação. “Os exercícios que levam à prevenção de acidentes vasculares,
por exemplo, são aeróbicos moderados e continuados”, diz o cardiologista
Protásio Lemos da Luz, do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas
de São Paulo. Segundo ele, o importante é se manter ativa, no seu
ritmo. Mas só exercícios aeróbicos não garantem muitos anos mais
saudáveis. Trabalhar os músculos é fundamental. “Eles sustentam a
coluna, protegem as articulações e possibilitam a movimentação”, explica
o geriatra João Toniolo Neto, da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp). E frequência é mais importante do que intensidade. A
recomendação é treinar por 30 minutos quatro vezes por semana.
Mantenha a concentração
Pessoas
focadas e com alto nível de atenção têm grandes chances de viver mais,
como concluiu um estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados
Unidos. Publicado em novembro, ele mostrou uma associação direta entre o
estado de concentração e o tamanho dos telômeros, estruturas
encontradas nos cromossomos que impedem a degeneração dos genes
presentes nas pontas do DNA. Quando essas estruturas ficam pequenas
demais, param de funcionar e levam a doenças e à morte. Por outro lado,
quanto maiores elas forem, melhor para a longevidade. Segundo a
psiquiatra Elissa Epel, responsável pelo trabalho, quem costuma se
engajar em atividades que exigem concentração tende a ter telômeros mais
compridos. Por isso, vale começar já a aderir a tudo que peça muito
foco, como assimilar algo novo. Nem precisa ser uma língua. Basta
aprender a fazer um pequeno conserto nunca feito ou entender a dinâmica
de um jogo.
Fonte: Claudia