Quantidade
de sal no prato das crianças deve ser menor! A Organização Mundial da
Saúde limitou a quantidade de sódio para as crianças para evitar
problemas futuros.
É
comum ouvir por aí que as crianças estão cada vez mais parecidas com os
adultos. E pode ter certeza de que, quando se trata de saúde, há um
fundo de verdade no comentário. Já passou a época em que a hipertensão,
por exemplo, era exclusividade de gente mais velha. A partir do momento
em que os alimentos industrializados e ricos em sódio se popularizaram
na mesa da meninada, até a pressão alta se tornou cada vez mais precoce.
Não por menos esse hábito alimentar chamou a atenção da Organização
Mundial da Saúde (OMS), que está preocupada com os casos de pressão nas
alturas na infância.
Em
relatório recém-divulgado, a entidade alerta para o distúrbio que tem
enorme probabilidade de se perpetuar na vida adulta. E é aí que entra o
sódio, um dos principais responsáveis pela elevação permanente da
pressão arterial. O mineral, que estende o prazo de validade dos
alimentos, está presente na maioria dos produtos consumidos (e adorados)
pelas crianças, como bolachas recheadas, pães, comidas de fastfood e,
óbvio, nos célebres salgadinhos, que não receberam esse apelido à toa.
A
OMS passa a recomendar uma ingestão de menos de 2 gramas de sódio por
dia para meninos e meninas entre 2 e 15 anos. Para ter uma ideia, um
único lanche com hambúrguer, queijo, catchup, maionese mais um copo de
refrigerante chegam muito perto dessa cota diária.
A
Sociedade Brasileira de Cardiologia estima que entre 6 e 8% das
crianças brasileiras já são hipertensas. A questão é que muitas delas —
e, claro, seus pais — ignoram o problema. "Ele é o famoso assassino
silencioso. Uma minoria dos pacientes apresenta sintomas, seja criança,
seja adulto", afirma o nefrologista Dante Giorgi, do Instituto do
Coração de São Paulo.
A
enxurrada de guloseimas e junk food abre caminho para a hipertensão
primária, aquela que não tem uma razão específica e, há algumas décadas,
era rara entre agarotada. Isso porque o tipo mais comum da doença ainda
é a secundária, fruto de distúrbios renais, disfunções
hormonais...Quando o pediatra desconfia que o paciente tem um desses
distúrbios, ele não hesita em aferir a pressão a cada consulta. Mas
tende a ignorar o exame quando a criança parece esbanjar saúde — isto é,
quando a hipertensão é primária.
"A
partir dos 3 anos, a pressão deveria ser medida em todas as visitas ao
médico, da mesma forma que a temperatura, a altura e o peso", opina o
pediatra João Tomás Carvalhaes, da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp). "Mas isso ainda não é comum", lamenta informar. "Nas
faculdades, a medição da pressão na infância ainda não é enfatizada com a
devida grandeza", nota Carvalhaes.
Não
bastasse o perigo do sódio, a herança genética é fator determinante
nessa história. "Estima-se que 50% das crianças com hipertensão primária
têm antecedentes familiares de pressão alta", calcula a nefrologista
Maria Cristina de Andrade, do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo.
Mas
é a obesidade, cada vez mais comum na infância, que tem dado o empurrão
para o problema aparecer antes da hora. Entre os gordinhos, o risco de
hipertensão é oito vezes maior. "O aumento no índice de massa corporal
(IMC) tende a ser acompanhado pela elevação gradual da pressão. Quanto
mais tempo a criança ou o adolescente permanecer acima do peso, maior é a
probabilidade de virar hipertensa pra valer e de apresentar doenças
cardiovasculares no início da fase adulta", diz a nutricionista Aline
Maria Pereira, da Unifesp.
A
solução para prevenir ou contra-atacar tanto o ganho de peso como a
pressão nas alturas não tem muito segredo: é manter, desde pequeno,
hábitos saudáveis. Os cuidados, aliás, começam na amamentação.
"Alimentar-se exclusivamente com o leite materno até os 6 meses já
diminui o risco", esclarece Maria Cristina. Após o período de
aleitamento, vem a preocupação com refeições nutritivas e, claro, sem
excesso de sódio. O conselho é dar preferência a alimentos não
industrializados, que possuem uma quantidade do mineral suficiente para
as necessidades do organismo. "O ideal é que, no preparo da refeição,
não se adicione nada de sal", orienta a nutricionista Regina Pereira, da
Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. "Se a criança é
acostumada a refeições salgadas, seu paladar vai se adaptar a esse
padrão."
A
orientação para os pais é retardar e reduzira oferta dos
industrializados à meninada, tirar o saleiro da mesa e servir de modelo.
São medidas que contribuem para criar um garoto que não vai depender
tanto das pitadas de sódio para sentir prazer à mesa e ter uma pressão
controlada.
Fonte: Saúde