quarta-feira, 8 de maio de 2013

AS CRIANÇAS TAMBÉM PODEM SOFRER DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA


As fraldas foram aposentadas há algum tempo. A mamadeira já não visita mais as manhãs. A criança está prestes a ser alfabetizada. Tudo perfeito, se não fossem as calças frequentemente molhadas. Pois é, dentro de casa ou na escola, a urina insiste em dar aquela escapulida. Longe de pedir uma bronca dos pais, a situação exige um olhar atento e a ajuda de um médico. Episódios recorrentes de xixi fora de hora são a mais pura manifestação de um problema que pode arrasar a autoestima do pequeno: a incontinência urinária.

Por que a urina escapa:

É normal uma criança molhar o pijama ou o uniforme vez ou outra. A incontinência existe, de fato, quando os escapes são recorrentes. "Ela pode ser causada por uma alteração neurológica ou anatômica, como um estreitamento do canal por onde a urina sai", diz o urologista Ubirajara Barroso Júnior. Ou, o que acontece na maioria dos casos, a comunicação do cérebro com a bexiga é falha e esse órgão se contrai involuntariamente. Aliás, incontinência não é a mesma coisa que a enurese noturna - o famoso xixi na cama. "Nessa condição, a criança não desperta quando a bexiga está cheia e acaba urinando", diz o cirurgião urológico Carlo Passeroti, de São Paulo.

Identificar o distúrbio o quanto antes é a chave para prevenir complicações, como infecções urinárias e danos aos rins.


O que você precisa prestar atenção:

· Verifique se a criança urina, em média, de três em três horas - de cinco a sete vezes por dia.

· Repare se ela segura por muito tempo a urina ou se fica se contorcendo e colocando as mãos na genitália quando tem vontade de fazer xixi.

· Fique de olho em que situações ela molha a calça ou o pijama.

· Veja qual a posição em que ela se senta no vaso (as meninas que se afundam na privada, por exemplo, contraem demais o abdômen e não esvaziam a bexiga direito).

· Apure se a criança vai ao banheiro na escola e a incentive a fazer xixi fora de casa - a timidez é inimiga da bexiga.

· Averigue se o jato de urina é fraco ou forte e se há algum incômodo ao urinar.

· Avalie o comportamento do pequeno: ele é ansioso? É hiperativo? Passou por algum estresse intenso?



Tratamento: 

A Disfunção Miccional é um distúrbio de origem funcional constituído de diversas formas de padrões miccionais anormais que juntos ou isoladamente geram a perda da capacidade coordenada de armazenamento, estocagem e eliminação de urina. Disfunção Miccional é um termo amplo que indica um “padrão miccional anormal” para a idade da criança (HELLERSTEIN e LINEBARGER, 2003).

A forma mais comum de “padrão miccional anormal” em criança é a existência de contrações involuntárias na bexiga (bexiga hiperativa) na fase de enchimento. Estas crianças, na tentativa de se defenderem contra a perda urinária no momento da contração da bexiga, contraem os músculos do assoalho pélvico produzindo um refluxo de urina carregada de bactérias, da uretra para a bexiga e conseqüentemente aumentando o risco de infecções urinárias recorrentes. Estas infecções aumentam a instabilidade e a sensibilidade da bexiga levando à incontinência que, por sua vez, aumenta a susceptibilidade à infecção. A persistência das contrações involuntárias causa alta pressão na bexiga podendo determinar um refluxo da urina da bexiga para os rins, favorecendo o aparecimento de cicatrizes renais e posteriormente levando à insuficiência renal crônica.

Através de exames específicos, o nefropediatra faz o diagnóstico e inicia o tratamento através de medicamento (relaxadores da musculatura da bexiga) e encaminha para a fisioterapia. A Fisioterapia possui recursos valiosos como tratamento coadjuvante na Disfunção Miccional (bexiga e assoalho pélvico) em crianças que apresentam perdas urinárias diurnas, retenção urinária, na enurese e também na constipação intestinal crônica. Os recursos fisioterápicos da Reeducação Funcional do Assoalho Pélvico incluem:

  • Programa educativo com informações básicas de anatomia e fisiologia da micção e da defecação, conscientizando a criança da sua musculatura pélvica e de sua capacidade de relaxamento.
  • Eletroestimulação com baixa freqüência utilizada na hiperatividade vesical.
  • Biofeedback Eletromiográfico que através de sinais visuais (gráficos) e/ou auditivos (sinais sonoros) a criança aprende a relaxar músculos excessivamente contraídos e melhorar a coordenação da atividade motora do assoalho pélvico.

Se você começar a perceber algum comportamento diferente em seu filho, ou algum conhecido não deixe de encaminhar a criança para receber a ajuda de um profissional especializado. Na Corpus Liber contamos com um equipe especializada em tratar todos os distúrbios do assoalho pélvico em crianças de ambos os sexos e todas as idades.