Mais de 20% de toda a população feminina sofre com algum grau de constipação. Entre as gestantes esse valor é superior aos 40%. Normalmente o problema é comportamental e, portanto, fácil de resolver com fisioterapia!
O que é constipação?
Em condições normais o intestino funciona sempre num mesmo horário, como por exemplo após uma das refeições principais (café da manhã ou almoço), quando os movimentos intestinais são ativados pelo reflexo do estômago ao receber os alimentos. Mas, embora o ideal seja evacuar ao menos uma vez por dia, é considerado normal evacuar até 3 vezes por semana, no mínimo. Menos do que isso já caracteriza a constipação ou prisão de ventre. Mas não é apenas o não evacuar que caracteriza a constipação. Casos de dificuldade ao evacuar, como por exemplo o chamado intestino preguiçoso também são enquadrados no conceito de constipação. O mal funcionamento intestinal pode ser caracterizado por fezes muito duras, muito pequenas, difíceis de serem evacuadas, ou pela sensação de esvaziamento incompleto (que ainda restaram fezes que não puderam ser evacuadas).
Como saber se eu tenho constipação?
Considera-se constipação quando, ao evacuar, acontecem uma ou mais das situações seguintes:
- Esforço demasiado para evacuar;
- Fezes muito duras ou em pedaços pequenos;
- Sensação de evacuação incompleta;
- Sensação de obstrução retal;
- Necessidade de comprimir o abdome;
- Ajudar a evacuação com os dedos.
Quais as causas da constipação?
- Evitar evacuar em banheiros públicos.
- Dieta inadequada.
- Hemorróidas, fissuras e outros problemas que causam dor local.
- Anismo: Incoordenação da MAP.
- Megacolon: Distensão e perda da sensibilidade da ampola retal
Como evitar?
Pouca gente sabe, mas a postura para evacuar é fundamental para que o esvaziamento intestinal seja realizado de maneira eficaz. Para tanto, é necessário sentar-se confortavel e relaxadamente, afastar suficientemente as pernas (a calcinha não deve ficar nem nas coxas e nem nos tornozelos, mas deve ser tirada ao menos de um dos pés). O tronco deve estar inclinado levemente para a frente, o suficiente para que os cotovelos possam repousar por sobre os joelhos. Para que isso seja possível mesmo fora de casa, é fundamental que a mulher procure se reeducar psicologicamente (nem sempre banheiro fora de casa significa banheiro sujo) e procurar formas alternativas de proteção, como por exemplo capas descartáveis para cobrir a tampa do vaso.
É complicado tentar regredir falhas educacionais que, enraizadas em nossa cultura, vão sendo passadas de mãe para filha durante gerações sem que se perceba o erro nos conceitos mais básicos. Quando a dificuldade em vencer uma questão psicológica dessas é maior, a ajuda de um profissional de psicologia pode ser bastante útil. Estar atenta a estes conceitos na educação das novas gerações é fundamental para que, desde agora, as meninas de hoje conheçam e aceitem naturalmente e sem preconceitos a forma correta de evacuar, não se tornando as mulheres constipadas de amanhã.
Também é importante manter um acompanhamento regular com médico ginecologista e fisioterapeuta especialista sobre as condições gerais do assoalho pélvico, de toda a MAP - especialmente o músculo puborretal - , e das condições da mucosa retal (pele que reveste o reto internamente). Mulheres no pós-parto e menopausa necessitam uma atenção especial.
Tratamento
Como em praticamente todos os problemas do assoalho pélvico, o sucesso do tratamento vai depender da precisão do diagnóstico. Problemas de incoordenação podem ser regredidos facilmente com exercícios que estimulem a percepção e o conhecimento da musculatura afetada. Mas, do mesmo modo que na retenção urinária, a maioria dos casos de constipação são causados por comportamento inadequado, seja a postura incorreta no vaso sanitário, desrespeito do desejo de evacuar (segurar por muito tempo), baixa ingesta hídrica, etc. Deste modo, a primeira etapa é tratar a parte psíquica do problema, ou seja, fazer o que chamamos reeducação.
Estar atenta para perceber e reconhecer o desejo evacuatório (vontade de evacuar) e respeitar este momento é fundamental. Conhecer a técnica correta de se sentar no vaso sanitário, de maneira relaxada e despreocupada, assim como relaxar totalmente a MAP, requer treino e é uma prática que deve ser exercitada continuamente. Em seguida devem ser identificados os componentes físicos do problema. Um médico ginecologista ou fisioterapeuta especialista podem examinar com precisão o estado dos esfíncteres anais e especialmente do músculo puborretal (componete da MAP importantíssimo na evacuação).
A alteração em qualquer um destes componentes pode estar causando ou piorando um caso de constipação. Felizmente existe tratamento a partir de fisioterapia para todas estas situações. Contudo, o sucesso do tratamento depende da precisão no diagnóstico. Diagnósticos imprecisos levam a tratamento equivocados, que podem ao invés de melhorar, piorar o problema. Para os casos de incoordenação do puborretal ou dos esfíncteres, a terapia manual e o biofeedback fornecem resultados excelentes. Casos de baixa sensibilidade da ampola retal também podem ser regredidos através de ressensibilização com eletroterapia e/ou balão de ressensibilização, dependendo de cada caso. Dificuldade no trânsito intestinal pode ser estimulada instantaneamente com massagem específica pelo trajeto intestinal.
Fonte: Perineo.net
Fonte: Perineo.net